Durante a pesquisa sobre design brasileiro que comecei com a minha tese de mestrado conheci vários designers que, em todo o país, têm trabalhado em projectos de “design com comunidades”. Com equipas, filosofias, abordagens e taxas de sucesso muito diversas – de que já abordei em palestras e neste artigo para a revista Projeto Design –, estes projectos têm mostrado ser uma componente importante da prática do design no Brasil do século XXI. A Gente Transforma é o mais ambicioso e potencialmente influente destes projectos.
Conheci o designer Marcelo Rosenbaum no Salão Casa Brasil Design em Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul, durante a minha viagem de pesquisa em 2009. Desde então tenho acompanhado o seu trabalho, escrito sobre ele e, talvez menos que gostaria, conversado sobre o seu o impacto da sua actividade, tanto dentro como fora do Brasil.
Após o seu convite para se juntar a ele e à equipa AGT no Piauí, durante as duas primeiras semanas de Fevereiro tivemos várias oportunidades para conversar em Várzea Queimada, a povoação do Piauí que recebeu a segunda edição do A Gente Transforma. Enquanto jornalista, fiz parte da sua “comitiva” de cerca de 40 pessoas que pensou, discutiu, projectou, escreveu, filmou, fotografou, dançou, rezou, teceu, construiu, bebeu e partilhou de uma experiência inesquecível.
Lá pude também acompanhar de perto um destes projectos de designers “com comunidades”, e compreender, ao vivo e em directo, as relações e expectativas criadas entre designers e artesãos, mestres e estudantes de arquitectura, entre os de fora e os da terra. E entre o passado, o presente e o futuro daquilo que se projecta e se executa. Algumas coisas ficaram mais claras, mas muitas outras complicaram-se. Ninguém disse que a Várzea Queimada ia ser fácil de entender – e não foi.
Um dos dois artigos que escrevi sobre o projecto saiu domingo, dia 26 de Fevereiro na Pública. Pode ser lido na íntegra no site do AGT ou aqui ao lado. O segundo sairá em Abril.
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